sexta-feira, 20 de maio de 2011

Bonecas

Não dá pra olhar essas fofuchas e não ficar saudoso dessa época da nossa vida, em que o mais importante é brincar e ser feliz. Na verdade, acho que sinto mais saudade da minha filha desse tamanho.












A doçura e a pureza dessas crianças me lembraram o lindo poema do Casimiro de Abreu que deixo aqui pra vocês.

Meus Oito Anos

Oh! que saudades que tenho 
Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
Que os anos não trazem mais! 
Que amor, que sonhos, que flores, 
Naquelas tardes fagueiras 
À sombra das bananeiras, 
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias 
Do despontar da existência! 
- Respira a alma inocência 
Como perfumes a flor; 
O mar - é lago sereno, 
O céu - um manto azulado, 
O mundo - um sonho dourado, 
A vida - um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida, 
Que noites de melodia 
Naquela doce alegria, 
Naquele ingênuo folgar! 
O céu bordado d'estrelas, 
A terra de aromas cheia 
As ondas beijando a areia 
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância! 
Oh! meu céu de primavera! 
Que doce a vida não era 
Nessa risonha manhã! 
Em vez das mágoas de agora, 
Eu tinha nessas delícias 
De minha mãe as carícias 
E beijos de minhã irmã!

Livre filho das montanhas, 
Eu ia bem satisfeito, 
Da camisa aberta o peito, 
- Pés descalços, braços nus - 
Correndo pelas campinas 
A roda das cachoeiras, 
Atrás das asas ligeiras 
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos 
Ia colher as pitangas, 
Trepava a tirar as mangas, 
Brincava à beira do mar; 
Rezava às Ave-Marias, 
Achava o céu sempre lindo. 
Adormecia sorrindo 
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho 
Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
Que os anos não trazem mais! 
- Que amor, que sonhos, que flores, 
Naquelas tardes fagueiras 
A sombra das bananeiras 
Debaixo dos laranjais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário